Entrevista a Liliana Santos

Entrevista a Liliana Santos



Wrestler do CL Bastos e Internacional



Liliana Santos é uma Wrestler que defende as Cores Nacionais com o maior orgulho e garra que a característica. Desde que iniciou a modalidade a 11 anos atrás, não mais parou de subir ao mais cimeiro lugar do Podium onde tem coleccionado vários títulos e consagrações. A sua grande conquista esta época foi virtual, numa votação online pelo MLO, consagrou-se com o titulo atribuído pelos seus fãs como “A Melhor Wrestler de todos Tempos”, ao que a deixa bastante agradecida pelo reconhecimento.


Mundo da Luta Olímpica – Como e onde iniciou a modalidade? O que o levou a optar pela modalidade?
Liliana Santos – Iniciei a modalidade em 1999 no Grupo Desportivo e Cultural do Conde 2 (GDCC 2), por intermédio de um panfleto que se encontrava colocado na parede do Clube onde a minha mãe ia beber o café todos os dias. Esse mesmo panfleto comunicava que iria começar uma nova modalidade na Quinta do Conde e estimulava á sua prática. O meu começo na luta deveu-se, assim, á mera curiosidade que tinha em conhecer um desporto individual e de combate que tinha acabado de surgir na minha localidade e que jamais tinha visto.


MLO – Descreva um pouco a sua carreira como Wrestler.
LS – Como disse Anteriormente Comecei como atleta no GDCC 2 onde permaneci 8 anos. Após ter terminado a luta nesse mesmo clube juntei me ao Clube de Lutas do Bastos (CLB) que frequento desde 2007.


MLO – Que títulos obtêm como Wrestler?
LS – Sei que fui sempre campeã Nacional e Regional em todos os escalões.
A Nível internacional subi ao pódio algumas vezes.


MLO – Como atleta do Clube de Lutas do Bastos e da Selecção Nacional, qual das duas oferece as melhores condições de treino e melhor preparação física.
LS – Não há diferença, visto que o treino do CLB e o da Selecção são em conjunto.
Mas sem dúvida que a Selecção Nacional é uma mais-valia.


MLO – No transacto ano 2009, ganhou tudo o que havia para ganhar, Campeonato Regional, Campeonato Nacional e o Ranking Nacional, entre outros. Qual e a receita para ganhar?
LS – Dedicação, Devoção, Determinação, Disciplina, Humildade, Espírito de Sacrifício, Garra, Paixão e Persistência.


MLO – Como sentiu a sua chamada à Selecção Nacional?
LS – A partir momento do que fui chamada para o primeiro estágio, senti logo um grande orgulho. Era um voto de confiança em mim por parte do treinador, era uma oportunidade que não ia desperdiçar. Assim que fui chamada comecei logo a aproveitar ao máximo e a esforçar-me para dar o meu melhor.


MLO – Como sente em estar a defender as cores Nacionais?
LS – Tenho um orgulho enorme em poder defender as cores Nacionais e desfrutar do mesmo. Sinto uma grande responsabilidade defender as cores da selecção Nacional, mas é algo que gosto muito.


MLO – Liliana para quando uma medalha Europeia ou Mundial?
LS – Eu vivo intensamente cada dia e sou apologista de viver um dia de cada vez, mas claro que tenho sonhos como qualquer atleta. Uma Medalha Europeia ou Mundial é um deles, mas para quando…não sei sinceramente!


MLO – O que lhe falta para atingir essa medalha?
LS – Quando se fala de Campeonatos Europeus ou Mundiais, as coisas complicam-se, pois na realidade será extremamente difícil devido à falta de competição em Portugal. E claro que a falta de apoios também não vem ajudar.


MLO – Pensa numa participação nos próximos Jogos Olímpicos? Quais são os mínimos exigidos para a sua participação.
LS – Claro que sim, os Jogos Olímpicos, é o pico da carreira de qualquer desportista.
Os mínimos de apuramento para 2012 ainda não estão publicados. Relativamente aos mínimos para 2008, na Luta Feminina, foram os seguintes: 1.ª Fase: Campeonato do Mundo de 2007 – as 8 primeiras classificadas de cada categoria; 2.ª Fase: Campeonatos Continentais de 2008 – as primeiras classificadas de cada categoria, nos Campeonatos da Europa, Ásia, África e América; 3.ª Fase: I Torneio de Qualificação Olímpica – as 2 primeiras classificadas de cada categoria; 4.ª Fase: II Torneio de Qualificação Olímpica – as 2 primeiras classificadas de cada categoria.


(“Sinto uma grande responsabilidade defender as cores da Selecção Nacional, mas é algo que gosto muito.”)


MLO – Recentemente pelo nosso Blog Mundo da Luta Olímpica, foi nomeada por votos, como a “Melhor Wrestler de todos os tempos”, a que se deve esta vitória?
LS – Não sei a que se deve a vitória, mas só tenho agradecer a quem votou e acredita em mim.


MLO – Não dá para “viver” só da Luta? Que faz para além das Lutas?
LS – É a realidade, não dá para “viver” só da Luta. Mas quando entrei na luta não foi por dinheiro, por isso tudo o que vier será bom. Visto que “viver” só da luta não dá para ser independente trabalho numa Empresa Comercial em Part-Time.


MLO – Além de combater em cima do tapete, qual e o seu maior combate no dia-a-dia?
LS – Conciliar a paixão pela a luta e o trabalho; perda de peso para as competições. Quando se levam as coisas demasiado a sério nem sempre é fácil, mas vou tentando equilibrar as duas situações, encarando a parte desportiva como um hobbie ou uma maneira de desanuviar o stress e as exigências da actividade profissional. Acho que só tenho conseguido conciliar as duas coisas pela paixão que tenho pela luta, porque o esforço é extremamente grande por vezes, já que se quisermos andar para a frente, em termos desportivos, as exigências são enormes a todos os níveis.


MLO – Quando deixar de ser Wrestler, o que poderemos esperar de Liliana Santos?
LS – De algum modo é provável que a minha vida fique sempre ligada a Luta. Ser treinadora, estar envolvida na organização de eventos, torneios também poderia ser uma boa solução para mim e, quem, sabe mais tarde desempenhar um cargo na federação.


MLO – O que deve melhorar na Luta?
LS – Inicialmente tem que se desenvolver a cultura desportista, isto é, procurar promover, estimular, orientar e apoiar a prática pois assim de certeza que se consegue um aumento do número de praticantes na modalidade. Melhorar a comunicação entre todos os agentes desportivos, para gerar um melhor funcionamento na modalidade, ou seja, a nível de clubes, associações e federação. É preciso QUERER, o resto vem por acréscimo.


MLO – Qual é para si a melhor prova realizada pelos clubes? Pela FPLA? E já agora pela FILA?

LS – Para mim o TIS - Torneio Internacional de Sesimbra até hoje foi a melhor prova realizada por um clube. Pela FPLA os Campeonatos Nacionais e pela FILA é sem dúvida os campeonatos da Europa e do Mundo, são inesquecíveis.



MLO – A Luta é um desporto pouco divulgado a nível nacional, porque é que isso acontece?

LS – Realmente é um desporto que sofre por falta de divulgação e de apoio, mas já teve pior. Há países em que o Campeonato Mundial de Luta, em termos televisivos, tem uma maior audiência que o Campeonato do Mundo de Futebol, mas cá a realidade é bastante diferente. É uma modalidade que merecia ser mais divulgada. Temos, por exemplo, o Hugo Passos, um Lutador que tem arrecadado vários títulos para Portugal e a atenção que tem tido por parte dos “média” é pouco a nenhuma. Acho que é um desporto que merecia mais, mas cá parece só haver interesse pelo futebol.


MLO – Que acha do projecto do Blog Mundo da Luta Olímpica?
LS – Acho que foi uma óptima ideia visto que promove a divulgação da modalidade que não é muita e aos que já conhecem a modalidade mantêm-nos sempre informados do que se passa no mundo da luta. Força e continuação de bom trabalho.


MLO – Partilhe connosco uma história desta modalidade que a tenha marcado.
LS – São muitas as histórias marcantes para contar, pois já são muitos anos a praticar esta modalidade e nada passa em branco. Mas não posso deixar de descrever um óptimo exemplo de que não se luta só no tapete, pois é necessário controlar o peso no dia-a-dia e isso também é uma luta, mas fora do tapete (e ás vezes nada fácil). Vou ser diferente e contar uma história mais tristonha:
Esta História passa-se na Finlândia em 2008 num Campeonato da Europa, em que Francine de Paola-Martinez, não consegue cumprir o peso estimulado pelo seleccionador italiano por 100 gramas.
Realizava-se a pesagem, que era assistida por todos os atletas, treinadores, médicos e acompanhantes que visionavam o sorteio e a pesagem por um ecrã enorme. Todos os atletas já se tinham pesado e apenas restava essa atleta que desesperadamente corria, fazia sauna e todas as peripécias para perder o resto do peso. Depois de várias tentativas e o tempo da pesagem a acabar (30min), Francine de Pablo -Martinez corta o cabelo e os elásticos do Maillot para ver se realmente conseguia o peso e para sua tristeza isso não se verifica por apenas 100gramas. Ficou assim, um campeonato da Europa perdido e por consequência mais uma participação nos Jogos Olímpicos, pois era uma prova de qualificação que lhe interessava participar para eventualmente se apurar para os Jogos Olímpicos. Eu vi tudo isto e fiquei triste, porque não gostaria de estar no lugar dela, pois “sofre-se” a preparação para o Campeonato da Europa e a contínua perda de peso até chegar ao Campeonato e depois não participar por umas meras 100 gramas é realmente desgostoso.


MLO – Que última mensagem gostaria de deixar aos leitores desta entrevista?
LS – Pratiquem desporto, mesmo que não competitivamente, pois é saudável e proporciona boas amizades, que duram para o resto da vida. Mais do que aos leitores, quero deixar uma mensagem para todos os Lutadores, tanto aos jovens como para aqueles que pensam estar a terminar a carreira. Nunca desistam, por muitas vezes que caiam e lhes digam para não se levantarem, Lutem para alcançar os vossos sonhos/objectivos, porque podem não chegar lá, mas pelo caminho viveram muitas histórias bonitas. Por vezes o que interessa não é o ponto de chegada, mas sim a viagem… A Luta – “Mais que um desporto, um estilo de vida."
Por fim, uma palavra para quem leu, comentou, gostou ou odiou o que aqui escrevi. Tenho por todos vocês um apreço especial, se não tivessem por aqui aparecido nada disto tinha feito sentido.

Obrigado Liliana Santos pelo tempo disponibilizado e por ter respondido a estas perguntas de um modo aberta e sincera.

Mundo da Luta Olímpica

Comentários

Anónimo disse…
Pelas respostas, a Liliana ama o que faz,e dignifica a modalidade pela seriedade com que a pratica, ainda por cima, parece tirar prazer e ser feliz com todas as dificuldades inerentes, parabéns Liliana.

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