ENTREVISTA - Pedro Silva

O Blog "Mundo da Luta Olímpica" em conjuntamente com a Revista Desportiva "O Praticante", irá apartir deste momento fazer entrevista aos vários Recursos Humanos das Lutas Nacionais.
O nosso primeiro entrevistado é o Director Técnico Nacional da FPLA, Pedro Silva, onde respondeu às perguntas de forma directa e sincera.
Boa leitura!!!



Como iniciou a modalidade? O que o levou a optar pela modalidade?
O meu começo na Luta é pouco comum. Nunca tinha visto Luta ao vivo, não conhecia pessoalmente ninguém que praticasse a modalidade e não havia nenhum clube com Luta perto da zona onde morava. Para além disso, praticava desde os 5 anos uma outra modalidade num clube que ficava a menos de 100 metros da minha casa. Ainda assim, e com todo o apoio dos meus pais, tive a possibilidade de concretizar o meu desejo de começar a praticar uma modalidade que me cativava bastante através das poucas transmissões televisivas que conseguia ver, mas também pela dimensão histórica que tinha e pela sua profunda relação com os Jogos Olímpicos e com os ideais olímpicos. E aqui eventualmente os Jogos Olímpicos de Los Angeles terão desempenhado um papel decisivo no timing desta escolha.

Onde iniciou a modalidade?
Iniciei a prática da Luta no Sporting Clube de Portugal, clube onde aliás tive a felicidade de fazer toda a minha carreira como atleta.

Há algum treinador que o tenha marcado particularmente?
Durante toda a minha carreira tive apenas dois Mestres, Luís Grilo no Sporting e Atanas Ivanov na Selecção Nacional. Isto não obstante ter sido pontualmente treinado por outras pessoas em circunstâncias esporádicas. Das duas pessoas que referi, o Mestre Luís Grilo teve, pelo seu exemplo e ensinamentos, um papel determinante não só na minha evolução como lutador, mas principalmente no amor que sinto pela modalidade.

Que títulos obteve?
Como atleta fui Campeão Nacional individual 7 vezes, fui internacional umas largas dezenas de vezes, Campeonatos da Europa e do Mundo incluídos, e serei dos poucos portugueses com vitórias em combate em Campeonatos do Mundo de Seniores, mas guardo como principal marco da minha carreira o nunca ter tido qualquer punição disciplinar enquanto atleta, treinador, árbitro ou dirigente.

Que cargos desempenhou na Luta?
Tive a honra, o prazer, o privilégio e a responsabilidade de desempenhar os mais variados cargos na modalidade. Como referi anteriormente, comecei como atleta no Sporting e desde aí fui árbitro, treinador, Presidente da Direcção e da Assembleia Geral de uma associação distrital e neste momento exerço as funções de Director Técnico Nacional.

É licenciado em Educação Física e Desporto e mestre em Psicologia do Desporto. Que objectivo teve na sua carreira académica e o que pretende retirar dela?
Os meus objectivos académicos foram e são de formação pessoal. São resultado da necessidade de possuir as ferramentas necessárias a poder desempenhar, no máximo das minhas capacidades, a profissão que escolhi e abracei.

Os seus estudos trouxeram algo de novo à modalidade?
A formação dos recursos humanos ligados a qualquer entidade, seja ela uma federação, um clube ou uma empresa, reflecte-se necessariamente na sua capacidade de intervenção. Nesta medida estou convicto que a minha formação académica, mas também a minha experiência desportiva e profissional foram e são postas ao serviço da FPLA e da modalidade, trazendo alguma inovação positiva e também uma clara consistência nas políticas de desenvolvimento desportivo.

Que futuro prevê para a Luta?
Não querendo fazer futurologia, tenho a certeza que o futuro da modalidade será o que os seus agentes quiserem. Dito isto sinto-me muito confiante no futuro da Luta. Penso convictamente que a família da Luta conseguirá continuar a promover o crescimento e desenvolvimento da modalidade, não obstante as circunstâncias económicas e sociais em que vivemos atravessarem esta ou aquela crise.

Que atletas descreve como sendo os melhores?
Portugal tem atletas, masculinos e femininos, que regularmente têm estado entre os dez melhores da Europa do seu escalão e categoria. Assim, dos atletas de Portugal que estão em actividade, o currículo do Hugo Passos é objectivamente o que mais sobressai.

Como estão as nossas Selecções Nacionais?
Estamos a iniciar um novo ciclo olímpico e as Selecções Nacionais passam consequentemente por um processo de ajustes a um novo ciclo de trabalho e a um novo ciclo de objectivos. Estamos neste momento a tentar alargar a base de atletas que integram os treinos da concentração permanente, quer masculinos quer femininos, tanto em Lisboa, como em Setúbal, de forma a podermos elevar o nível e a qualidade do trabalho desenvolvido. Integrámos também 2 atletas de fora da área da Grande Lisboa no Centro de Alto Rendimento, o Dário Rafael do Delgadense e o Joel Machado de Tibães, para tentarmos potenciar os valores que surgem for dos dois distritos que têm concentração permanente. Estamos já com os olhos postos em Londres, em 2016 e em 2020, não é por acaso que a Luta é das modalidades com um número mais elevado de praticantes integrados no projecto Esperanças Olímpicas do Comité Olímpico de Portugal.

Os atletas das Selecções aspiram chegar ao topo?
Só assim faz sentido integrar uma Selecção Nacional. Só faz sentido abraçar um projecto de vida como este, se possuirmos uma grande vontade de atingirmos todo o nosso potencial.

Como um atleta de clube chega a Selecção Nacional, a um nível de alto rendimento?
O treinar no grupo das Selecções Nacionais em concentração permanente está ao alcance de qualquer atleta com vontade, disponibilidade e um nível de prática acima da média, agora para integrar o grupo com participação internacional regular é necessário demonstrar talento, vontade em superar-se, disponibilidade em submeter-se a um regime de preparação muito exigente, uma enorme capacidade de resiliência e a capacidade em competir ao seu melhor nível.

Algum dia, veremos um desses atletas a subir a um Podium Internacional?
Os atletas das Selecções Nacionais de Portugal subiram ao pódio de torneios FILA mais de 90 vezes desde que ocupo o cargo de DTN. Deve a “família da Luta” e a sociedade reconhecer o mérito, grande esforço e dedicação que esses atletas e treinadores tiveram e têm diariamente para honrar o País e a Luta nacional. No mesmo período Portugal disputou 4 combates para a atribuição da medalha de bronze em Campeonatos da Europa de Cadetes e Juniores em 2 estilos diferentes. Este facto merece um grande relevo, na medida em que em toda a história anterior da modalidade, que relembro tem mais de um século, em apenas uma ocasião um português tinha lutado para uma medalha (o Hugo Passos em 1999). Não obstante a Vânia Guerreiro (em 2 ocasiões), a Ana Pereira e o Tiago Silva terem ficado à beira da medalha, é nossa convicção que a mesma poderá vir a acontecer a qualquer momento.

Como conseguimos um Campeão Europeu ou Mundial, ou mesmo um Campeão Olímpico?
Como se costuma dizer, as medalhas não se prometem, conquistam-se. Antes de responder a essa questão temos que ter a noção que Portugal em toda a sua história e contando com todas as modalidades teve “apenas” quatro Campeões Olímpicos. Temos ainda de ter a noção que Portugal é um país pequeno em número de habitantes, pequeno em taxa de participação desportiva e pequeno em recursos financeiros na área do desporto. Com isto em mente, só conseguiremos atingir esse nível de excelência fazendo um trabalho de laboratório de excelência e trabalhando qualitativamente muito acima dos nossos rivais de maior dimensão. Este trabalho é possível, extremamente difícil mas possível, mas está muito mais sujeito a imponderáveis do que países em que os recursos humanos, financeiros e estruturais sejam maiores. Ainda assim, é este um dos objectivos da FPLA, lutar pelos melhores resultados possíveis no panorama internacional.

A Luta é um desporto pouco divulgado a nível nacional, porque é que isso acontece?
Em Portugal e na generalidade das sociedades ocidentais, o mediatismo das modalidades é proporcional à capacidade que têm de gerar receitas, sejam elas de publicidade, de merchandising, de venda de jornais, etc. e não do seu valor educativo, social ou desportivo. Neste sentido, mais do que tentarmos mudar o que não está ao nosso alcance mudar, importa potenciar aquilo que verdadeiramente temos capacidade de potenciar, seja através dos magazines do calendário nacional na televisão, seja através de publicações como “O Praticante”, seja através da internet.

O que deve melhorar na Luta?
Não obstante a modalidade ter evoluído muito em termos qualitativos nos últimos anos, há sempre espaço para continuar a melhorar. Penso que as áreas prioritárias para os próximos anos deverão ser, ou continuar a ser, o contínuo alargamento da base geográfica da modalidade, o aumento da capacidade de autonomização do funcionamento das estruturas da modalidade (associações e clubes), e a melhoria na capacidade de comunicação interna e externa.

Os Clubes que temos dão tudo pela modalidade?
Estou convencido que as secções da modalidade dos nossos clubes dão o melhor de si pela modalidade. Agora isto não invalida que o envolvimento do clube com a sua respectiva secção seja de diferentes níveis em diferentes clubes, até por consequência de dinâmicas sociais que tornam o trabalho associativo baseado no voluntariado e em práticas benévolas um fenómeno em crise nos nossos dias.

Quais são os melhores clubes actuais? E já agora os melhores treinadores?
É muito difícil responder objectivamente a essa questão. O que é o melhor clube? Que clube tem mais importância para o desenvolvimento da modalidade?
O clube que é Campeão Nacional de Equipas ou o clube com mais títulos de Campeão Nacional Individual?
O Clube com mais atletas ou o clube que não tendo tantos atletas funciona num concelho ou distrito de grande importância estratégica para o alargamento da base geográfica da modalidade?
O clube que funciona há décadas ininterruptamente ou o clube com poucos anos de Luta mas com um grande envolvimento com a autarquia ou outros parceiros e que consegue angariar muitos apoios para a modalidade?
E o mesmo se passa com os treinadores.
Na minha perspectiva todos têm a sua importância e o seu valor, e o factor “melhor” é muito relativo, não é um valor absoluto, claro e indiscutível e é claramente uma questão a que não se pode responder, assim sem mais.

Quantas provas compõem o Calendário Nacional? E são essas provas suficientes para a modalidade?
O calendário nacional é composto pelo calendário federativo e pelos calendários associativos. O calendário federativo é composto por 11 eventos. O potencial de melhoria que existe, recai na articulação entre os calendários distritais e o calendário federativo, que em alguns casos pode ser melhorado, na medida em que os calendários associativos em conjugação com o calendário federativo, deverão ser mais do que o somatório das actividades dos seus clubes, deverão ter uma coerência e uma consistência que lhes permita abranger e potenciar a actividade dos seus clubes e praticantes por si só.

Que prova tem uma maior participação das equipas e atletas?
Os Campeonatos Nacionais (individuais e por equipas) são por excelência as competições principais, a nível nacional, para qualquer atleta ou clube. Ainda assim todas as competições integradas no Ranking Nacional são competições de participação elevada.

Qual é para si a melhor prova realizada pelos clubes?
Mais uma questão extremamente subjectiva. O que é que é melhor: um evento como o Torneio Internacional de Sesimbra, como era organizado pelo G. D. C. Conde 2, ou Lutagi organizado pelo Ginásio A. C.? Só para citar dois exemplos de dois eventos completamente diferentes, mas que têm um impacto extremamente positivo nos atletas. Estas coisas não se podem ver assim numa perspectiva unidimensional, é necessário fazer uma avaliação sustentada e a médio e longo prazo. Os torneios são positivos ou não, pelo valor absoluto que têm e não em função da comparação que é feita com outros torneios.

Que novos projectos para esta modalidade?
Os projectos, novos e velhos, passam por continuar a promover e a desenvolver a modalidade no limite das nossas capacidades. Penso que o maior desafio que a modalidade e a federação têm no imediato passam por conseguir integrar e promover os novos estilos não-olímpicos integrados na FILA e conseguir fazê-lo em benefício de todos os estilos, nomeadamente os olímpicos.

Partilhe connosco uma história desta modalidade que o tenha marcado.
Como podem calcular ao longo do tempo que faço parte da família da Luta vivi ou assisti a muitos momentos marcantes. Desde a sensação de ter o árbitro a levantar-me o braço em sinal de vitória num Campeonato do Mundo, passando pelo ver uma grande prestação dum lutador ou duma lutadora da selecção nacional num grande evento a partir do canto do tapete, até presenciar e viver por dentro a evolução dos quadros competitivos da modalidade a nível nacional ou o processo de implementação e aplicação do sistema de graduações são com certeza momentos muito marcantes. Mas não posso deixar de descrever aqui aquele que me parece ser um excelente exemplo de que tudo é possível, que é o último combate do Kareline, a final da Luta Greco-Romana, da categoria de 130 kg, nos Jogos Olímpicos de Sidney. Na altura custou-me muito ver um ídolo cair no último combate da sua carreira, mas logo de seguida percebi que a Luta teve no imediato uma exposição mundial, que não teria com o quarto título olímpico de Alexander Kareline, e que a longo prazo a mensagem de que até o maior lutador de todos os tempos não é imbatível, que até alguém que cresceu numa pequena localidade rural, com um enorme esforço e dedicação, como Rulon Gardner, pode vencer o “invencível”. Esta é uma “moral” fantástica para a história da Luta.

Que última mensagem gostaria de deixar aos leitores desta entrevista?
Que as Lutas Amadoras, a Luta Olímpica, a Luta, como queiram chamar a esta belíssima modalidade, é uma actividade que é para todos, que promove um sem fim de valores éticos, que promove a auto-estima, a auto-confiança, o espírito de entreajuda, a tomada de decisão, o pensamento estratégico e a perseverança de quem a pratica e em termos físicos é extremamente completa solicitando todos os segmentos corporais de um modo completo e harmonioso e que se ainda não a experimentou, deve experimentar assim que tenha oportunidade, pois irá certamente beneficiar com a experiência.

Obrigado Pedro Silva pelo tempo disponibilizado e por ter respondido a estas perguntas de um modo aberto e sincero.

Comentários

Anónimo disse…
Mt boa entrevista, gostei de a ler, Parabens ao entrevistador e ao entrevistado, as respostas responderam a outras perguntas que a familia da luta tem, mto bom este documento. parabens
Anónimo disse…
Gostei muito de a ler... Parabéns ao Director Técnico Nacional da FPLA do Pedro Silva. É fixe... ;-)
Anónimo disse…
parabéns pelas perguntas colocada e pela maneira pele foram colocadas....
Entrevista muito exclarecedora
Anónimo disse…
Que brisa de frescura no cinzentismo desportivo nacional esta entrevista. Parabéns. Há muito que não encontrava gente tão ponderada. Posso-me enganar mas....pessoal das Lutas não deixem fugir este homem. PARABÉNS
Anónimo disse…
Optima entrevista (apesar de longa consegui ler toda com interesse). Mostra que de técnicos na federação estamos bem servidos (com o Pedro Silva mas também com o Raul Diaz, o David Maia e o Luis Fontes).
É preciso continuar comestas entrevistas e ouvir os atletas, os treinadores dos clubes e porque não os árbitros...
Parabéns ao blog e à revista, pelas notícias que dão a quem não tem (infelizmente) tempo para acompanhar a família da luta de perto.
JVCon3 disse…
Sim e verdade, Pedro Silva e um grande amigo e Homem, podemos dar aleluias por termos um recurso nas Lutas como ele. Se mta das coisas que aconteceram de bom nas Lutas, pela capacidade de emplementar as lutas noutros distritos, o sistema de graduações, as selecções nacionais e outra de grande relevo, podemos agradecer ao xelente trabalho que ele exerce na FPLA e claro a harmonia que ele trouxe a Familia da Luta.
Obrigado Pedro Silva
Anónimo disse…
Segundo a opinião de alguns especialistas associados a actividades no âmbito do desporto organizado e gerido por sistemas federados, quer seja nas actividades amadoras como nas profissionais, são sempre as regras, os regulamentos, os métodos, os meios, as estratégias e o bom senso, que decidem o presente e o futuro de uma modalidade mas acima de tudo, afirmam eles, é determinante, ter as pessoas certas nos lugares certos. Os mesmos especialistas referem ainda ser fundamental que as pessoas ditas responsáveis, atribuam uma importância acrescida à comunicação e ao trabalho de equipa, aceitando sugestões e opiniões, mostrando-se flexíveis em relação às suas decisões, em função da opinião de pessoas experientes e que se empenham no desenvolvimento da modalidade.
Os mesmos especialistas opinam também, que o eventual desenvolvimento de uma modalidade não se consegue só através de qualidades especiais, mas sobretudo através de um trabalho de constância, de persistência, de métodos, de vocação e muita dedicação à causa. Salientam ainda, que o desenvolvimento e o progresso, significam competência e, passa pela capacidade do diálogo e da tolerância, da humildade e nunca pela arrogância, por rivalidades ou confrontos mesquinhos, muitas vezes geradores de conflitos inúteis, que põem em causa o funcionamento das instituições e o próprio desenvolvimento da modalidade. Caso se verifique todo este conjunto de situações, pode-se acreditar num desenvolvimento saudável de uma modalidade, caso contrário, o declínio é inevitável. Pretende-se então, uma análise global das condições de desenvolvimento da Luta de forma a procurar melhorar o desempenho dos nossos atletas.
O conteúdo deste documento resulta, de uma reflexão acerca do desenvolvimento de uma modalidade que actualmente se apresenta numa situação considerada por nós, crítica. Esta reflexão poderá ser reconhecida por alguns elementos associados à modalidade, ainda que outros não partilhem da mesma capacidade reflexiva que, em primeira análise resulta da experiência pessoal de cada um. De seguida apresentam-se algumas propostas e considerações que julgamos ser benéficas para a modalidade.

Regulamentos de Luta
As Lutas tradicionais praticadas em todo o “mundo” são sempre objecto de regulamentos específicos, elaborados de acordo com as condições dos países e dos continentes onde são praticados. Muitas vezes modificados, e sempre modificáveis no sentido de motivar e tornar mais competitivos os respectivos eventos desportivos, os regulamentos devem ser conhecidos por todos os lutadores, treinadores, árbitros e dirigentes a fim de permitir aos praticantes exercerem uma “Luta Total e Universal”, com honestidade e “Fair Play”, para o prazer e satisfação de todos os intervenientes, nomeadamente os espectadores, mas também com o objectivo de captação de novos adeptos para a prática da modalidade. O mais importante não é as vitórias e os resultados mas sim a possibilidade de ver e de sentir que todos participam com alegria e paixão e não por dever ou obrigação. O regulamento da F.I.L.A tem por missão principal, regulamentar os Torneios Olímpicos, Campeonatos do Mundo e da Europa e, todos os eventos internacionais organizados sob a égide daquela entidade. Assim sendo, compreende-se que o citado regulamento pode ou não, ser aplicado pelas Federações Nacionais, na medida em que as estruturas, as condições, os meios humanos, a logística, assim como a quantidade e a qualidade dos praticantes difere de país para país, sendo por vezes, substancialmente superior. Será então, uma falsa questão tentarem fazer-nos crer que em Portugal é obrigatório a aplicação de tal regulamento. Considerando a nossa frágil estrutura participativa e competitiva, urge que seja estudada uma regulamentação que permita o aumento quantitativo e qualitativo das nossas competições. Tal como noutros países, também nós devemos fazer adaptações às condições específicas do nosso país. As regras da F.I.L.A têm sido em parte, um obstáculo ao desenvolvimento da nossa modalidade, especialmente ao nível dos escalões de formação que possuem regulamentos demasiado complexos. Neste sentido, se tecem algumas considerações, e se apresentam as propostas que se entendem poder ajudar a LUTA a sair do impasse em que se encontra.

Calendário de Actividades
O actual calendário de actividades apresenta as seguintes particularidades:
1 – As actividades terminam normalmente a 15 de Dezembro de cada época e recomeçam depois de 25 de Janeiro, o que leva a um período de 45 dias sem competições;
2 – Temos depois de 25 de Janeiro, actividades que se prolongam até à primeira semana de Junho, o que equivale a 4 meses;
3 – Desde a primeira semana de Junho até 20 de Outubro, não se realizam actividades de competição, com excepção das internacionais. Este período tem uma duração aproximadamente de 4 meses;
4 – Tomando a data de 20 de Outubro, como o retomar das actividades até meio de Dezembro, são mais 54 dias de actividades;
5 – Somando os respectivos períodos de cada situação, chegamos à seguinte conclusão:
• Tempo com actividades – aproximadamente 6 meses
• Tempo sem actividades – aproximadamente 6 meses
6 – Perante esta preocupante situação e, considerando as ambições de Federação em termos da Alta Competição, somos da opinião, que, deve ser feita uma análise muito profunda, no sentido, de se procurar melhorar a planificação do calendário.
7 – Um calendário que assenta a sua planificação na base do Calendário Escolar, não preenche as exigências, nem da competição Interna, e muito menos promove e motiva o longo caminho a percorrer para a ascensão à Alta Competição.
8 – Se o calendário já não era desde algum tempo a esta parte muito competitivo, menos se encontra, e tornou-se praticamente num calendário participativo, conforme mais adiante se verá.
Assim sendo, e sem se considerar a importante vertente da Alta Competição (Campeonatos Europa, Campeonatos Mundo e Jogos Olímpicos), a actual planificação tem uma determinante influência nos resultados das actividades dos clubes. Terminado o 1º ciclo de actividades de competição em 7 de Junho de 2008, esta paragem leva a uma quase total desmobilização dos praticantes e respectivos treinadores, na medida em que, deixam de existir mais objectivos, (a não ser para os lutadores seleccionados para as selecções nacionais) só recomeçando as actividades a meio de Setembro. Partindo do principio que se treina três vezes por semana nos clubes, o número de unidades de treino chegará eventualmente, e com muito boa vontade às 100 unidades, entre Janeiro e Dezembro, quando no mínimo devem ser entre as 150 a 170 unidades.

Participação em eventos
(Escalões de Competição masculinos)
Cadetes
2004 – Apenas 13 lutadores estiveram em 9 ou mais competições num total de 12 eventos
2005 – Apenas 7 lutadores estiveram em 9 ou mais competições num total de 10 eventos
2006 – Apenas 8 lutadores estiveram em 9 ou mais competições num total de 10 eventos
Os restantes limitaram-se a participar!
Juniores
2004 – Apenas 7 lutadores estiveram em 9 ou mais competições num total de 11 eventos
2005 – Apenas 3 lutadores estiveram em 9 ou mais competições num total de 10 eventos
2006 – Apenas 9 lutadores estiveram em 9 ou mais competições num total de 11 eventos
A maioria dos atletas apenas marcou presença!
Seniores
2004 – Apenas 3 lutadores estiveram em 9 ou mais competições num total de 10 eventos
2005 – Apenas 3 lutadores estiveram em 8 ou mais competições num total de 9 eventos
2006 – Apenas 7 lutadores estiveram em 9 ou mais competições num total de 10 eventos

Perante as situações que a seguir se apresentam:
 Calendário de seis meses;
 Largos períodos sem actividades;
 Poucas unidades de treino agravadas por alguma ausência de lutadores nos treinos dos clubes;
 A baixa taxa de participação nos Eventos, assim como outras inesperadas situações;
Verifica-se que o nível competitivo é de baixa qualidade, para não se dizer …PAUPÉRRIMO!

Ranking Nacional
Entendemos que qualquer prémio seja de mérito ou de qualidade, só poderá ser atribuído com rigor a atletas que vençam as dificuldades impostas pelas competições com um elevado número de resultados significativos obtidos ao longo de um determinado percurso.
O mérito não se deve comprar, nem se deve oferecer…CONQUISTA-SE!
Actualmente, tanto é premiado o que ganha como o que perde, os que têm uma prestação activa e resultados obtidos com esforço, como aqueles que, durante uma época têm prestações mínimas ou pouco significativas. A FPLA (Federação Portuguesa Lutas Amadoras) deixou de prestar atenção à qualidade e banalizou um protocolo que deixou de ter dignidade e de marcar a diferença.
Desde 2001, os novos critérios de atribuição de prémios, vêm prejudicando alguns lutadores como se pode constatar com as nomeações de 2006.
A utilização de critérios rigorosos deverá sempre premiar os que ganham e que fazem competição e não aqueles que perdem ou apenas marcam presença.

Façamos então a comparação entre os atletas que se destacaram e outros…
Cadetes:
Bruno Nogueira – 10 presenças em eventos (cerca de 40 combates). Conquistou 2 títulos regionais, 2 nacionais e 6 primeiros lugares em torneios. Eleito Melhor Atleta com mérito.
Ana Pereira – 9 presença em eventos (4 combates). Não conquistou nenhum título, 2 primeiros lugares em torneios, não tendo competidores nos restantes 7. Eleita Melhor Atleta sem mérito.
Juniores:
Manuel Almeida – 11 presença em eventos (40 combates). Conquisto 1 título regional, 2 nacionais e 4 primeiros lugares em torneios.
Eleito Melhor Atleta com mérito.
Liliana Santos – 9 presenças em eventos (8 combates). Conquistou 1 título nacional e 2 primeiros lugares em torneios, não tendo competidores nos restantes 5.
Eleita Melhor Atleta com algum mérito.
Seniores:
Mário Mascarenhas – 10 presenças em eventos (20/23 combates). Conquistou 1 título regional, 3º no Nacional de Greco-romana e 2º no Nacional de Livre Olímpica, não tendo ganho nenhuma categoria em torneios, onde não teve competidores em 3. Eleito Melhor Atleta sem mérito.
Hélder Vicente – 9 presenças em eventos (16/18 combates). Conquistou 2 títulos regionais, 1 título nacional e 3 primeiros lugares em torneios e 1º lugar no Torneio Internacional do Montijo. Este lutador venceu sempre os combates disputados com o lutador galardoado. Entendemos por isso, que este lutador deveria ter sido premiado, pois perante os resultados obtidos pelos 2 lutadores não existe qualquer dúvida sobre quem foi o que apresentou uma melhor prestação.
Não são os lutadores que estão em causa, mas sim a forma como se estipulam e utilizam os critérios, valorizando os que apresentaram fracas prestações e desvalorizando/desmotivando os atletas que se empenham verdadeiramente.
Desta forma, desvirtua-se a verdade desportiva, evidenciando-se uma clara falta de Fair-play, transmitindo-se aos lutadores a ideia de que não é necessário competir, basta participar!
Campeonato Nacional Grego – Romana e Luta Feminina
(em Braga)
Desde alguns anos a esta parte que o evento supracitado vem sendo organizado na cidade de Braga, no sentido de tentar reactivar alguns dos clubes ali existentes. No entanto, após quatro épocas consecutivas, não se verificou qualquer evolução em termos de crescimento de clubes e respectivos praticantes de Braga:
Em 2004, participaram no C.N. 8 lutadores.
Em 2005, participaram no C.N. 8 lutadores.
Em 2006, participaram no C.N. 7 lutadores.
Em 2007, participaram no C.N. 7 lutadores.
Por muito que se procure contrariar a actual situação que se vive naquela Região, nada justifica que se deva continuar a investir em organizações com elevados custos, como obriga este campeonato. Embora tenham sido introduzidas este ano, ligeiras alterações na sua organização, ainda se mantém incómodas deslocações de cerca de 90 elementos, entre atletas, treinadores, árbitros, delegados, staff de organização, aluguer de viaturas, estadias, alimentação, combustível, portagens, entre outras. A Federação deixou de pagar subsídios a clubes e treinadores, alegando não ter verbas para esse efeito. Desta forma, optou claramente, por beneficiar através deste Evento um restrito número de atletas, em detrimento de uma maioria, que teria maiores probabilidades em garantir um superior número de inscrições e de participações nos Eventos. Para apoiar o desenvolvimento de uma região, consideramos não ser absolutamente necessário organizar eventos do género do C.N. Um acompanhamento nas devidas alturas e ao longo dos anos, a organização de várias acções como pequenos e médios torneios ou estágios de aperfeiçoamento para atletas e reciclagens para treinadores, parece-nos ser o mais indicado para estas situações enquanto o processo de consolidação não esteja garantido.

Campeonatos Nacionais
Consideramos que a organização de um Campeonato Nacional deve marcar pela sua dignidade, pela motivação, pelo convívio entre os participantes a ser diferente de todos ou outros eventos.

A QUALIDADE FAZ A DIFERENÇA!
Elaborámos um possível exemplo da organização de um evento desta importância:
Sexta-feira
Chegada das comitivas ao local de acolhimento 22 horas
Sábado
Pesagem 08h/8H30 horas
Pequeno-almoço 09h/10 horas
Saída para a competição 10H15 horas
Desfile 10H45 horas
Apresentação das equipas e dos campeões nacionais da anterior época
Início da competição 11 horas
(A competição deve seguir sem paragens, logo deve servir-se apenas uma refeição ligeira e indicada para eventos desportivos como é também usual noutros países mais desenvolvidos).

Entregas de prémios individuais no decorrer da competição planificado para que se entreguem três categorias de cada vez, com o pódio colocado perto da assistência.

Os vencedores de categoria não devem ser chamados ao pódio porque não tem qualquer significado nem dignidade ser vencedor sem competidor (devem ser os treinadores a fazer a respectiva entrega aos seus atletas).

Final da competição e regresso aos aposentos.

Jantar de confraternização como entrega de prémios especiais a: clubes, treinadores, atletas e árbitros e outros que devem ser criados.

Após o jantar as equipas de Lisboa e Setúbal regressam a casa e as restantes saem no domingo, após o pequeno-almoço.
Tendo em conta o panorama actual da modalidade, acreditamos que os campeonatos nacionais devem ser preferencialmente realizados em Lisboa, por motivos mais que óbvios!

Regulamento Nacional de Graduações

Neste âmbito gostaríamos de lembrar que, embora já se tenha falado várias vezes em épocas transactas da necessidade de se fazerem alterações ao actual sistema, é certo que até ao presente momento nada foi realizado neste sentido.
As propostas de alteração vão neste sentido:
• Reduzir o número das graduações;
• Reajustamento das técnicas em relação às idades dos praticantes, nomeadamente nas idades mais jovens;
• Disciplinar os exames de graduação no sentido de lhes dar mais qualidade dado que, actualmente é possível que os exames sejam feitos por treinadores nos seus clubes, em acções desenvolvidas e organizadas por clubes e associações ou ainda pela Federação.
Estas dispersões de exame de graduações não se justificam por vários motivos:
• Não existe um suficiente número de praticantes;
• A qualidade actual dos praticantes não é significativa.

Não podemos permitir que se procure apenas a quantidade, descurando por completo a qualidade!
Na tentativa de introduzir um regulamento copiado do JUDO, não foram por certo tomadas em conta, as enormes diferenças existentes entre esta modalidade e a LUTA! Estas diferenças relacionam-se com a sua estrutura, organização e disciplina diferenciada que obedece a uma Filosofia Oriental. A força do Judo assenta na forma comercializada em que se estruturou, possuindo um staff técnico, a nível das instituições, que praticam a modalidade em maior quantidade, com formação técnica e pedagógica bem diferente. A própria logística tem uma qualidade superior o que permite aos clubes e treinadores cobrarem taxas de mensalidades que tornam as secções auto-suficientes, por isso, tem secções de longa duração. Todos os judocas compram o seu equipamento e todos treinam de igual, o que imprime dignidade e boa imagem num ginásio, onde os atletas mais jovens são normalmente acompanhados pelos seus familiares seja aos treinos, seja aos exames de graduação ou respectivos convívios. No Judo, os escalões de formação não participam em eventos com os outros escalões de competição, os atletas mais jovens participam em convívios com regulamentos simplificados para que todos tenham a possibilidade de terem parceiros, podendo competir. O Judo conseguiu em pouco mais de cinquenta anos, a sua implantação em clubes, associações, escolas e colégios, nas Forças Armadas e nas instituições de Segurança Pública.
A luta existe em Portugal há mais de cem anos!!! Nunca conseguiu evoluir… Porquê? E o que trouxe de novo este regulamento à modalidade?
Mais praticantes e melhor qualidade?
Sinceramente não verificamos diferenças significativas!

Luta para escalões Infanto-juvenis

Como se sabe, as crianças até determinadas idades gostam de passar por várias experiências de actividades desportivas sem muitas vezes se fixarem em nenhuma delas por muito tempo. Os motivos são vários e julgamos não ser necessário aprofundar muito este assunto. No entanto, a questão fundamental é: “Treinar para participar nos eventos, para quê? Não tenho adversário!”
Por tudo isto, consideramos ser deveras importante para a modalidade conseguir motivar as crianças e os outros jovens a praticarem luta durante um largo período, o mais prolongado possível! Então, o que devemos fazer para contrariar as situações de desmotivação e constantes abandonos? Em primeiro lugar parece-nos fundamental prestar mais atenção aos escalões de formação, implementando as medidas necessárias para avançar com um projecto. Seria importante formar uma equipa técnica que se preocupe apenas com as actividades destes jovens atletas que, não devem em ocasião alguma continuar a participar nos eventos onde participam os restantes escalões, com excepção do dia Olímpico. Devem ser organizados convívios com regulamentos simplificados com várias actividades onde a Luta deverá ser sempre incluída, mas não como actividade principal, apenas como um complemento, uma especificidade, privilegiando-se as actividades vocacionadas para o desenvolvimento geral da criança. Nestas idades, o objectivo não é a especialização dos praticantes mas sim, o desenvolvimento das qualidades básicas através das quais poderá evoluir no futuro. Para além da regulamentação que possa ser elaborada como base para estudo e avaliação, parece-nos conveniente a criação de incentivos para os clubes, treinadores e praticantes. Sem investimento não é possível obter resultados significativos.
Consideramos a Luta infantil a base de sustentação fundamental no desenvolvimento da modalidade. De facto, é através das crianças que se captam novos praticantes e se garante a longo prazo a continuidade da Luta de média e alta competição. Sem que se verifique uma grande quantidade de infantis na Luta, não será possível a detecção de novos valores nem a organização de competições regionais e nacionais de qualidade, ficando assim comprometidas a renovação, a vitalidade e a continuação na Luta. É por isso fundamental que a Luta infantil, a par da alta competição tenha os apoios necessários para que passe a ser uma prioridade máxima, que possibilite à Luta um desenvolvimento real e sólido. A participação de um atleta numa Olimpíada deverá ser sempre uma sequência e um corolário de um programa devidamente planificado num período temporal de 6 a 10 anos de treino efectivo e de uma participação activa em concursos regionais, nacionais e internacionais. Para que seja possível atingir alguns objectivos nestes escalões mais jovens, julgamos ser necessária a seguinte planificação para 10 meses de actividades:
 Quatro convívios nacionais
 Participação no dia Olímpico
 Uma acção de promoção
Exemplo de um programa de promoção:
Sexta-feira
Concentração•
Sábado
Pesagens
Pequeno-almoço
Actividades
Almoço
Actividades
Jantar
Domingo
Passeio cultural
Almoço
Regresso a casa


Estrutura de desenvolvimento da Luta infantil
Primeira fase de ensino (8-12 anos)
Escola regional de Luta
Mini-luta (M/F)
Recrutamento e dinamização;
Incentivos à prática da modalidade;
Actividades multifacetadas e vocacionadas para o desenvolvimento geral;
2/3 Unidades de treino semanais nos clubes;
Estágios técnicos ao fim-de-semana;
Eventos específicos para as idades;
Participação em 2 eventos no estrangeiro;
Organização de um evento em Portugal, possibilitando uma participação alargada;
Organização de actividades culturais;
Prémios para os elementos com melhores resultados escolares, assiduidade a treinos, estágios e eventos;
Regras e regulamentos (base da pirâmide – fundamental).
Regulamento de Convívios de Competição
Acreditamos ser importante apresentar um resumido exemplo de um regulamento de competição de um convívio para lutadores dos escalões de formação.

Estilo de luta: Livre Olímpica
Género de Competições: por Equipas
As equipas podem ser formadas por: 5/7/9 elementos, cujos pesos devem ser idênticos ou não superior a 3 kg.
Tempo de Combate: 2 minutos
Sistema de Competição: equipa contra equipa, com eliminação à 2.ª derrota.
Regras dos Combates
Pontuação:
o Acções técnicas de pé para o solo valem 2 pontos; se o adversário cair de costas e, 1 ponto se cair de peito;
o Acções técnicas no solo em que as espáduas são colocadas ou viradas para o solo, valem 2 pontos.
Vitória imediata:
o Assentamento das espáduas;
o Superioridade técnica, diferença de 6 pontos;
o Colocar o adversário em perigo, durante 15 segundos.
Vitória por tempo:
o Ganha quem no final dos 2 minutos, tiver mais pontos.
Em caso de empate:
o 1 Minuto suplementar;
o O 1º a marcar um ponto, ganha;
o O 1º a sair da área de combate, perde.
Equipamento: Calção desportivo, 2 t-shirts, uma branca e outra escura.
(Nota: Regulamento sujeito a alterações com base no número de inscrições)

Regulamento de Competição Individual
Estilo de Luta: Livre Olímpica;
Género de competição: individual;
Pesos: grupos de peso idêntico ou não superior a 3 kg;
Tempos de combate: 2 minutos para todos;
Sistema de competição: eliminação directa.
Regras dos combates:
Pontuação:
o Acções técnicas de pé para o solo valem 2 pontos se o adversário cair de costas e 1 ponto se cair de peito;
o Acções técnicas no solo em que as espáduas são colocadas ou viradas para o solo, valem 2 pontos.
Vitória imediata:
o Assentamento de espáduas;
o Superioridade técnica, diferença de 6 pontos;
o Colocar o adversário em perigo durante 15 segundos.
Vitória por tempo:
o Ganha quem no final dos 2 minutos tiver mais pontos.
Em caso de empate:
o 1 Minuto suplementar;
o O primeiro a marcar um ponto, ganha;
o O primeiro a sair da área de combate, perde.
Equipamento: Calção desportivo, 2 t-shirts, uma branca e uma escura.

Actividades de Competição
Devemos procurar dar aos calendários de actividades regionais e nacionais mais importância, mais dignidade e mais competitividade.
Uma modalidade que não consegue que nos seus quadros de actividades se verifique um determinado nível competitivo internamente, jamais poderá aspirar a ter grandes resultados em alta competição. Na nossa modesta opinião, entendemos que devem ser feitos dois ajustamentos técnicos aos actuais regulamentos: a substituição de alguns torneios por campeonatos, tentando assim motivar mais os treinadores e os praticantes atribuindo maior ênfase a estes eventos. É mais do que necessário implementar uma nova filosofia na modalidade.

Exemplo de calendário federativo:
Campeonato Nacional de equipas – permitir formar equipas com lutadores de 2 clubes a exemplo do que se faz noutros países que apresentam melhores estruturas.
I Primeira volta no estilo de Greco-romana
I Segunda volta no estilo Livre Olímpica
I A disputar em dois dias sem ser em paralelo com outro evento, dada a importância que este campeonato merece ter.
Taça de Portugal – o mesmo tipo de formação de equipas, onde no estilo de Greco-romana seria feita eliminação à primeira derrota. Deveria ser realizado nas instalações dos clubes, num sistema de alternâncias anual pelas associações.
Torneio Dia Olímpico – com a participação de todos os escalões excepcionalmente. (Convidar equipas espanholas)
Torneio da FPLA – Devem ser convidadas equipas espanholas para que o evento se torne mais motivante e competitivo (sem a participação dos escalões de formação).
Estágios nacionais – a convocatória deve ser feita a nível nacional e devem ser efectuados em períodos de férias. Devem ser perspectivados também, estágios técnicos para os escalões de formação.
Campeonatos Nacionais Individuais - Nos estilos Greco-romana, Luta livre e Luta feminina, criação de escalões suplementares de forma a permitir que os indivíduos no ultimo ano de um escalão possam combater com atletas do escalão superior de forma a minimizar o choque da transição. Estes escalões suplementares seriam:
 Masculinos
 Sub-16 (13, 14 e 15 anos)
 Sub-19 (16, 17 e 18 anos)
 Absolutos (mais de 19)
 Femininos
 Sub-17 (13, 14, 15 e 16 anos)
 Sub-23 (17 aos 22 anos)
Neste sentido, voltamos de novo ao assunto diversas vezes focado mas que entendem não ser pertinente:
Como pode um treinador incentivar a assiduidade dos atletas, se a motivação destes vai diminuindo à medida que verificam que não têm com quem medir as suas qualidades/capacidades. Não será difícil verificar que muitas modalidades apoiam incondicionalmente os seus escalões de formação como forma a elevar o nível de desempenho dos seus atletas. Este tipo de apoio e incentivo:
I Permite uma alternância de valores, uma motivação e uma forma de evolução através dos graus de dificuldades competitivas que podem e devem obrigatoriamente de enfrentar se querem progredir;
I Pode minimizar em parte o problema de lutadores sem competidor, na medida em que os atletas podem competir em grupos diferentes;
I Aumenta, eventualmente, o interesse de lutadores e treinadores pela conquista de mais títulos;
I Pode conduzir a uma maior assiduidade e empenho nos treinos caso os lutadores saibam que podem ter adversários nas competições;
I Valoriza e dignifica as competições;
I Pode evitar que alguns atletas estejam tardes inteiras dentro de um pavilhão sem qualquer actividade.
Para a resolução deste problema relacionado com a falta de adversários em competição, poderão ser apresentadas duas soluções:
Retirar torneios dos calendários e substituir por campeonatos de Sub;
Aplicar estes escalões nos vários torneios.
Para além destes escalões suplementares continuam a manter-se os escalões regulamentados (Masculinos e Femininos).
Formação
(mais qualidade)
Não basta a frequência de um curso e a entrega de um diploma para se afirmar que temos um Treinador!
No passado, foram realizados inúmeros estágios de aperfeiçoamento para lutadores e, em paralelo, reciclagens para treinadores com uma duração significativa (vários dias), ministrados por técnicos estrangeiros e portugueses. Este tipo de acções marcou, não só pela sua qualidade, mas também pela evolução que se verificava nos treinadores e consequentemente nos treinos. A Luta ganhou qualidade com estes estágios! Entretanto, e por opinião de vários especialistas, nunca mais se realizaram outras acções idênticas, embora tenham existido sempre condições para serem organizadas.
Neste sentido, é necessário que para além dos cursos de árbitros e treinadores sejam efectivadas uma ou duas reciclagens anuais para ambas as valências. O desenvolvimento da modalidade passa também por um acompanhamento técnico e pedagógico, não só para os indivíduos com vários anos de exercício, mas garantir também aos indivíduos que se iniciam na modalidade mais informações para que o seu trabalho seja mais objectivo e eficaz e se reflicta na qualidade dos seus atletas. As datas preferenciais, na nossa opinião, para estas reciclagens são: Janeiro (por ser inicio da época) e Setembro/Outubro (no reactivar da época). A Federação faz formação desde 1976, formando algumas dezenas de indivíduos, no entanto, quem tem mantido as actividades da modalidade são antigos praticantes! Dos novos praticantes e dos indivíduos que se formaram sem terem sido atletas, não se ouve falar! Porquê?
Formação dos Lutadores
Para além das unidades de treino em que os lutadores possam participar, as competições são também uma das principais actividades com enorme influência na preparação dos praticantes, as quais permitem que estes obtenham elevadas performances. É através da competição que os lutadores, desde os mais jovens até aos de alta competição, adquirem a experiência, a rotina, o aperfeiçoamento técnico e descobrem as vertentes técnico-tácticas que devem aplicar em cada combate. No entanto, isto só pode acontecer se a preparação de um lutador assentar num suficiente número de unidades de treino, num razoável número de participações em competições e num número aceitável de combates com diferentes adversários (com mais ou menos nível competitivo). Competir sem treinar não resulta! Treinar sem competir também não!
O actual quadro participativo e competitivo está muito aquém do mínimo desejável, pelo que se torna necessário encontrar alternativas que possam aumentar a participação mas também o nível técnico e competitivo da nossa Luta. Tentámos assim apresentar, algumas propostas que julgamos serem viáveis para a situação actual da Luta em Portugal, que ao longo de vários anos tem vindo a deteriorar-se, como podemos ver nos números que apresentamos de seguida, que nos dão uma imagem de caminharmos no sentido da extinção da modalidade em Portugal.
O número de atletas participantes em competições foi o seguinte:
 Em 1996 393
 Em 2005 203
 Em 2006 178*
* Participação de todos os escalões etários em ambos os sexos (11)

Palavras para quê…
Anónimo disse…
Jvcon3, desculpa la mas lambe botas pessoa cegas e que nada percebem disto está a luta cheia. Abre os olhos ve como o modalidade está de 2004 para cá e encara a realidade a luta morreu em portugal.

Nada resta do que a boa vontade de algumas pessoas e o sustento de outros muitas vezes oportunistas passando por cime de tudo e todos.

Espero que tenhas a coragem de por este comentário já que és apologista da liberdade de expressão e dos direitos de opinião dos outros.
JVCon3 disse…
Sim "anonimo" podes ter alguma razão do que apresentas-te e do que estas a dizer, mas também se nao fosse os " lambe botas pessoa cegas e que nada percebem disto esta a luta cheia" a luta já tinha morrido mais cedo.
Podemos dizer que a quantidade decheu, mas a qualidade subi.
Podemos dizer que a Luta tem a cara limpa, esta com uma boa aparencia dos torneios.
Podiamos dizer muitas, mas para a Luta evoluir precisamos duns abanões que nos façam acordar como desporto. Mas deixemos de guerrinhas uns com os outros e rememos todos na mesma direcção.
Trabalhamos todos para um só objectivo: AS LUTAS OLIMPICAS

Um bem Haja à FAMILIA DA LUTA

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